Vamos a isso que se faz manhã
Nem
sei se lhe diga e nem sei se lhe conte…; conto e digo, claro, a si eu conto
tudo, gosto de ser transparente, que se há-de fazer?! Foi neste gaguejar
exclamado que a única fada que se preocupa comigo, me acordou (mais uma vez)
madrugada alta. Eu, curioso, muito curioso, deixei o sono em “banho-maria”, e
ela não se fez rogada. Ontem, meu caro, resolvi fazer três perguntas a um meu
amigo de longa data (há quanto tempo o não via!), consegue imaginar uma dessas perguntas, uma delas
que seja? Não, não consigo, respondi,
e não consigo porque não imagino o que dois génios (se ele é seu amigo de longa
data, só pode ser génio) possam ter a perguntar ou a dizer uma ao outro. Isso,
isso, eu gosto tanto que seja assim intuitivo, suspirou em voz doce, enquanto autorizava que as minhas mãos se
autonomizassem e navegassem nela com paisagem à vista... A primeira pergunta, disse, foi exactamente “quem é
um génio?”…, e a resposta dele (quem será o ele?! Ai os meus ciúmes...), desconcertou-me: “aquela ou
aquele a quem não custa o trabalho”… Olhei-a admirado, e ela: mas ele levou logo em cima com as minhas duas outras
perguntas e de chofre: “sem amor” e “sem amor eterno”? Sabe que, continuou, ele me disse que eu tinha razão, que ele deveria ter dito: um génio é “aquela ou aquele a quem não custa o trabalho porque vive o
amor e vive um amor eterno”; fiquei tão vaidosa. Mas então o que é o amor? Questionei. Sorriu (a minha manta branca
de lã merina já tinha dona garantida); o amor, soletrou, é um estado funcional
como uma guloseima e os enamorados são gulosos (que me ame, que me ame, que
me ame), mas olhe que, sussurrou, ninguém
morre por excesso de amor, o amor não é como a epilepsia. Tudo bem, concordei..., é, então, este carácter do
amor (“funcional de guloseima", como diz) que o torna eterno. Nada disso, suspirou, (experimente ver "Pelos Olhos de Maisie" e verá que eu sei o que digo e que só estou a pensar em si e em mim); o amor eterno, ciciou, só acontece aos seres inteligentes (os olhos da Maisie não enganam, pois não?), ou
seja: dois seres inteligentes estruturam e modulam os seus padrões de acção
quotidiana, tendo por base ver o outro como uma sua mão, da qual cuidam e são responsáveis… Vá lá, incentivou-me,
concentre-se um pouco e deixe-me concluir; sei bem que se enamorou de mim
porque sou linda e linda e sedutora, e isso é verdade (ai que convencida que ela é!), mas o que aconteceu de
verdadinha é que o meu cérebro (de génia) decidiu bailar com o seu, por vezes (poucas, muito poucas para meu gosto...) até voando com firmes e lentas rémiges inclinadas… Tenha dó, pedi-lhe, a esta hora da manhã quer
convencer-me que o seu cérebro baila com o meu e, por vezes, "voando com firmes e lentas rémiges inclinadas"...?! Há limites, pela certa, ai há, há! Meu adorado, disparou (o risinho solto e desfranjado era o dela, limpinho), tenha a certeza que amar
cerebralmente é bailar, é assumir compromissos sem dramas, e não é fazer
ginástica, é dançar livre... Mas agora (que ar galhofeiro e maroto!) tem alguma razão, pelos desvairados calores inchados que sinto e pressinto, está a precisar, urgentemente, de fazer
ginástica (pesos e halteres e flexões) para dar cabo dessa pressão tão elevada, vamos a isso que se faz manhã!... Encontrá-la foi difícil, pensei comigo, mas que ela é um tesouro, lá isso é!
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