Que lerdinho que eu sou!

Sabia, meu caro, que o primeiro Sete foi o terceiro filho de Adão e Eva? De rompante, assim me interrompeu uma interessante pesquisa à volta da obra mais importante – Liber Abaci - de Leonardo de Pisa (1170-1250), a única fada que, quando se sente rainha, interpela os seus súbditos por “dá cá aquela palha”, e sempre os interpela com perguntas curiosas e as mais intempestivas... Sete não é um número?! E há outros setes?! Perguntei. Claro que sete é um número (e é um número carregado de símbolos), respondeu de franja arrumadinha…, mas eu disse Seth; e, sim, há outros Seths que até foram deuses, mas agora apenas me estava a referir ao terceiro filho de Eva e de Adão. Peço-lhe que, atrevi-me, me deixe continuar agora a pesquisar à volta do jogo proposto por Fibonacci, quero mesmo perceber todo o processo que conduziu ao número de oiro… Tinha que ser, invectivou-me, sabe dizer o nome e qual a obra principal de Leonardo de Pisa; e, pasme-se para memória futura, porta-se tal qual o verdadeiro apelido do Leonardo. Mas o apelido (aposto) dele é Fibonacci, fiz finca-pé e com ar de quem sabe o que diz..., é ou não é? Questionei-a de frente e ao desafio. E ela, feliz e gaiteira, ergueu-se subtil, prendeu os olhos bogalhados no narizinho arrebitado, e sussurrou em voz melíflua: é a minha vez de brincar consigo…, o seu “não é”, trouxe-me o Seth de volta porque o que lhe queria dizer é que o Seth é o parente mais longínquo de Noé. Mas eu não brinquei consigo, respondi aflito, entendi mesmo que tinha dito sete, sete número. Tudo bem, ciciou, digo-lhe então que o Darren Aranofsky´s me pediu um conselho sobre a polémica que o seu último filme está a gerar no mundo inteiro; e, como ele também é judeu, agradava-me ter hoje uma conversa consigo, antes de, amanhã, lhe dar conselhos a ele. Ultrapassou outra vez os limites, disparei fulo e sem rodeios, então só vinha falar comigo porque eu sou judeu, é isso?! Não só judeu, meu caro, não só judeu, murmurou num sibilar mansinho; sei agora, continuou, que é judeu e preguiçoso como o Leonardo de Pisa...; então não sabia (ai o risinho dela a moer-me o juízo!) que o verdadeiro apelido do Leonardo era “O preguiçoso”?!... Quando a apanhar a jeito, decidi (eu seja ceguinho de gota serena, se não vai acontecer), ela vai ouvir e provar e sentir (e sentir) das boas, ai vai, vai… Que lerdinho que eu sou!

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