Morfeu sortudo!

Chegou, meu caro, à minha caixa do correio (quem o terá enviado?!) este pequenino fragmento do filme - Lado esquerdo - ; vi uma vez e outra e ainda outra vez, e sabe porquê? Alguma vez lhe aconteceu isto? Não é justo, pensei comigo, ela (a única fada que não conhece limites) decidiu (mais uma vez, que sina) acordar-me (projectando um excerto de filme na parede do meu quarto), e logo hoje que eu dormia sintonizado com a lua... Por isso mesmo, sussurrou, exactamente por isso mesmo (ela lê e ouve pensamentos!) porque está sintonizado com a lua (minha irmã gémea), é que está a acordar...; não me diga, suspirou, que não sabe que, em dias de lua cheia, a actividade delta do cérebro, um indicador do sono profundo, diminui 30%, o que significa que tem um sono mais ligeiro. Não, não sabia... E consigo, perguntei, acontece o mesmo?! Bingo, disparou de franja desfranjada... Em dias de lua cheia, garantiu, tenho sempre cinco minutos livres antes de cair nos braços do Morfeu, tempo à justa para ter visto (três vezes) aquele fragmento de filme; e, agora, não tenho sono (nem quero saber do Morfeu), quero, isso sim, incarnar em mim o espírito criativo, essa musa esquiva das boas (algumas vezes geniais) ideias... Tem calma, adverti-me, tem calma, escuta o que ela diz; tu tens que estar com ela e ela tem que estar contigo, ela tem que te absorver totalmente e tu tens que a absorver totalmente... O que estás a testemunhar, insisti comigo, é um relâmpago de inspiração: ela é assim porque a vida dela é uma permanente aventura criativa. Linda de dormir (ai a sua transparente camisa de dormir, branca de linho antigo fiado em roca...) sentou-se, maneirinha, na minha cama larga e disse-me "que ela era o meu espírito criativo, que eu devia (depois de ter visto o fragmento do filme) ouvir o testemunho e o saber (contagiantes) de uma sua amiga (sobre a arte e a manha de comunicação entre o lado direito e o lado esquerdo do cérebro)"... Disse ainda, que, com tempo e vagar, falaríamos mais tarde sobre os sentidos escondidos (e subentendidos e sugeridos) naquele fragmento de filme, porque parte da criatividade reside na nossa forma de ver, insistiu; e, de mansinho, aconchegou-se e aninhou-se no meu cobertor de lã merina... Eu, apreciando em fundo a música do filme, perdi-me nos seus olhos bogalhados ao máximo,  nas suas narinas soltas e nas suas orelhas-seda. Ela sorriu-me, e adormeceu. Morfeu sortudo!

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