Santo Deus, não pode ser!
Nem tive tempo para respirar. A única fada que nunca guarda desaforo,
disparou-me à queima-roupa: “Andei à procura
do poema da Leonor de Gedeão e, francamente,
não gostei. Uma mulher que voa e foge e grita e corre é um demónio com asas?! O
Gedeão era machista, sem dúvida, só pode ter sido. E foi casado? E teve filhas?
Não se arme, meu caro, sei bem que Gedeão é um pseudónimo e sei bem de quem
estou a falar, mas não gostei, estou indignada, ponto. Quer que lhe diga mais? Não
me sinto uma Leonor (não sou nada como ela), conhece-me bem e sabe que não;
mas na praia também uso calções, biquíni e também já dei umas gargalhadas em
público... Se uma mulher evidenciar a sua sexualidade ou a sua felicidade por
estar com alguém, é um anjo disfarçado de demónio, essa agora?! Francamente,
não! As mulheres são livres de serem o que quiserem e como quiserem, não acha?
Os homens apreciam ou não cada mulher. A Leanor
de Camões era mais calma, mas também era, pode ter a certeza, sexuada e
linda... E Camões não olhava só para o vestido e para as fitinhas do cabelo
(tire daí o cavalinho da chuva), e eu sei bem que não...! O amor e o desejo são
intemporais, veja se nunca se esquece…”. Quando finalmente respirei, dei por mim a pensar… Ela conheceu mesmo Luís de Camões?! Ela é a Leanor?! Santo Deus, não pode ser!
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