Adoro, meu caro, as suas tiradas à Dalai Lama!

Alguma vez, meu caro, ouviu falar de Jiddu KrishnamurtiPerguntou-me, ainda o dia se desenroscava nos cobertores de lã merina branca, a única fada que sabe tudo, perturbando-me o acordar em plena festividade. Nunca ouvi falar, respondi..., e com o frio que está, prefiro até nem imaginar quem possa ter sido. Mas olhe, sibilou (enquanto eu desengadanhava as mãos), que devia tentar imaginar; faz-lhe falta saber que foi ele que disse: "a religião das pessoas devia ser a religião de acreditarem em si mesmas". E, continuou, se tivesse noção (mínima que fosse) do que ele ensinou, esforçar-se-ia por ser uma pessoa com uma auto estima saudável... Deliciado com a sua voz (de flor de estufa aquecida) a tentar convencer-me a falar (em trejeitos de cuidado), não pude deixar de lhe perguntar o que é ser uma pessoa com uma auto estima saudável. Desprenderam-se livres e postaram-se à proa de um sorriso os seus olhos grandes, e ela suspirou com ar decidido e (des)embebendo-se do essencial: uma pessoa com auto estima saudável é sábia sem ser pedante, assertiva sem ser agressiva, poderosa sem necessitar de força, ambiciosa sem desejar riqueza, profunda e não banal, humilde sem ser servil, valiosa sem ser orgulhosa. Atónito, olhava eu para ela com ar de quem interroga o que pensa saber, quando ela, rindo-se de mansinho, me garantiu que sim, que a resposta à minha pergunta não formulada, era sim...; que ela era o exemplo acabado de uma pessoa com uma auto estima saudável porque nunca teve sombra de dúvidas de que "a melhor maneira de se livrar dos seus defeitos era aumentar as suas qualidades"..., e rematou, feliz: percebe agora porque é que em mim a auto estima é irrelevante e porque é que eu passo a vida a dizer-lhe que faço tudo por amor? Porque, numa pessoa com uma auto estima saudável, a auto estima é desnecessária, respondi sem medir as palavras nem o tom... Eis que, sem (no momento) descortinar nem o como nem o porquê, tive direito a um beijo de ternura esbanjada (e à solta nos acordes das suas mãos náufragas e meninas) e a um inusitado e livre:  Adoro, meu caro, as suas tiradas à Dalai Lama!

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