A face escondida de uma ideia boa
1.Paremos um pouco para ouvir esta reportagem. O que é que está em causa? Em causa estão os níveis absolutamente desastrados de abandono escolar precoce em Portugal e a falência de algumas medidas articuladas para o combater: uma delas o PIEF. Pensemos agora que também parece haver qualquer coisa que não está a bater certo com a dinamização do "Ensino Básico Vocacional", criado por uma Portaria que mais parece ser um amontoado de ideias sem nexo (roubadas adrede, sem saber nem discernimento, de alguns documentos sobre formação profissional básica).
2. Sobre o PIEF é melhor nem falar mais..., tão grave é falta de sensibilidade (e de responsabilidade) da Segurança Social! Importa agora olhar para o "Ensino Básico Vocacional". Considerando que, no ano lectivo de 2012/2013, apenas se iniciava uma experiência-piloto de dinamização de cursos vocacionais, haveria que dar o benefício da dúvida a uma ideia boa...; mas, mesmo assim, com muitas reservas: aqui o escrevi e com alguma contundência (e com razão, é pena).
3. Acontece que, este ano lectivo de 2013/2014, os denominados cursos vocacionais se generalizaram (nos termos previstos no Artigo 13.º da referida Portaria)... Sem estar disponível a avaliação (que se saiba) da experiência-piloto desenvolvida no ano lectivo de 2012/2013, olha-se para lista das escolas e dos cursos a desenvolver neste ano lectivo de 2013/2014 e, com surpresa (ou sem surpresa, já nem sei), um insuportável (e desconcertante) amadorismo salta à vista...
4. Regressemos (para perceber esse amadorismo) à lista de escolas e de cursos em desenvolvimento neste ano lectivo: que salganhada, que desnorte e que confusão! (...) Cursos com nome, cursos sem nome, cursos com nome de projectos, projectos com nome de cursos e...
5. Mas há mais... Quem consegue, por exemplo, responder a esta pergunta simples: que nível de qualificação profissional é atribuída a um aluno (não obrigado a frequentar uma escolaridade de 12 anos) que conclua (com aproveitamento) um curso vocacional (uma alternativa de currículo no 3.º ciclo do ensino básico - 350 horas de formação geral/180 horas de complementar/ 570 horas de formação vocacional) e que não pretenda continuar a estudar?
6. Poder-se-ia perguntar (ainda) pelo tipo e pela qualidade da orientação vocacional, pelos apoios sociais e outros específicos ou especializados, pelos programas de ensino e de formação, pelos manuais e suportes, pelas parcerias com empresas, pelos recursos (materiais e de equipamentos) disponíveis, pela formação dos orientadores, dos docentes e dos monitores, pela articulação com formadores de empresas, pelo tipo de provas de avaliação das aprendizagens, pela avaliação feita a partir do pensar e do dizer dos alunos (e dos seus pais/encarregados de educação, dos docentes/formadores e dos representantes das parcerias envolvidas)..., e pelos custos versus resultados.
7. Poder-se-ia perguntar sim (e às tantas vai ter que acontecer); mas esperemos que não seja necessário. Importa, isso sim, que sejam publicados (e explicados) os resultados (e as metodologias utilizadas) da avaliação (obrigatoriamente) realizada nos termos do disposto no n.º 5 do Artigo 9.º da Portaria acima identificada: só quando tal acontecer, teremos acesso à face escondida de uma ideia boa.
2. Sobre o PIEF é melhor nem falar mais..., tão grave é falta de sensibilidade (e de responsabilidade) da Segurança Social! Importa agora olhar para o "Ensino Básico Vocacional". Considerando que, no ano lectivo de 2012/2013, apenas se iniciava uma experiência-piloto de dinamização de cursos vocacionais, haveria que dar o benefício da dúvida a uma ideia boa...; mas, mesmo assim, com muitas reservas: aqui o escrevi e com alguma contundência (e com razão, é pena).
3. Acontece que, este ano lectivo de 2013/2014, os denominados cursos vocacionais se generalizaram (nos termos previstos no Artigo 13.º da referida Portaria)... Sem estar disponível a avaliação (que se saiba) da experiência-piloto desenvolvida no ano lectivo de 2012/2013, olha-se para lista das escolas e dos cursos a desenvolver neste ano lectivo de 2013/2014 e, com surpresa (ou sem surpresa, já nem sei), um insuportável (e desconcertante) amadorismo salta à vista...
4. Regressemos (para perceber esse amadorismo) à lista de escolas e de cursos em desenvolvimento neste ano lectivo: que salganhada, que desnorte e que confusão! (...) Cursos com nome, cursos sem nome, cursos com nome de projectos, projectos com nome de cursos e...
5. Mas há mais... Quem consegue, por exemplo, responder a esta pergunta simples: que nível de qualificação profissional é atribuída a um aluno (não obrigado a frequentar uma escolaridade de 12 anos) que conclua (com aproveitamento) um curso vocacional (uma alternativa de currículo no 3.º ciclo do ensino básico - 350 horas de formação geral/180 horas de complementar/ 570 horas de formação vocacional) e que não pretenda continuar a estudar?
6. Poder-se-ia perguntar (ainda) pelo tipo e pela qualidade da orientação vocacional, pelos apoios sociais e outros específicos ou especializados, pelos programas de ensino e de formação, pelos manuais e suportes, pelas parcerias com empresas, pelos recursos (materiais e de equipamentos) disponíveis, pela formação dos orientadores, dos docentes e dos monitores, pela articulação com formadores de empresas, pelo tipo de provas de avaliação das aprendizagens, pela avaliação feita a partir do pensar e do dizer dos alunos (e dos seus pais/encarregados de educação, dos docentes/formadores e dos representantes das parcerias envolvidas)..., e pelos custos versus resultados.
7. Poder-se-ia perguntar sim (e às tantas vai ter que acontecer); mas esperemos que não seja necessário. Importa, isso sim, que sejam publicados (e explicados) os resultados (e as metodologias utilizadas) da avaliação (obrigatoriamente) realizada nos termos do disposto no n.º 5 do Artigo 9.º da Portaria acima identificada: só quando tal acontecer, teremos acesso à face escondida de uma ideia boa.
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