Com luva de papel!
Termina hoje, às 24 horas, a campanha eleitoral para as eleições autárquicas em Portugal. Uma campanha eleitoral lamentável (sublinhe-se) porque esfumou o realismo da sociedade portuguesa e quase escondeu que Portugal está a caminho do abismo, orientado por um governo remendado (que antecipou a realização das eleições por nada terem a ver com o orçamento de 2014, óbvio!)... Segue-se agora um dia de reflexão, véspera do dia das eleições. Sendo este dia de reflexão um dia anacrónico em termos de política eleitoral (quando foi pensado, o
tempo social era outro), nem por isso deixa de ser um dia importante. Dia importante porque nos permite (a todos) desintoxicar de uma paupérrima ponta final da campanha eleitoral; ponta final, sim,
porque a campanha eleitoral, oficiosamente, já começou há mais de um ano, cheia de episódios rocambolescos e impensáveis, valha a verdade. Dia importante ainda, para
que os candidatos ponham os pés de molho e desçam à realidade; e para que todos os
líderes partidários bebam chá de pétalas roxas e recomponham algumas ideias: é desejável que a voz não lhes falte na
hora de cantar vitória (vitória de Pirro, claro)…, todos vão dizer que ganharam, vai uma aposta? Mas, mais importante
ainda, é ser um dia para ponderar em três
factos únicos. O primeiro, os previsíveis altos indicadores de abstenção não valem para nada e, portanto, participar e votar é um
dever cívico imperativo (o índice de participação na Alemanha, nas eleições de domingo
passado, foi de 70%, porque será?)..., mas vale a pena ter em conta isto. O segundo, o
tempo de crise social, económica e política em Portugal determina que a leitura
dos resultados da votação nas eleições, tenha que comportar uma leitura nacional (escusam de brincar com as
palavras e de se esconder na especificidade local das eleições). O terceiro, só uma atitude
masoquista poderá explicar não só o voto em candidatos de partidos que não respeitam o
povo do seu país (a brutalidade dos factos sociais que afectam os cidadãos mais frágeis e desprotegidos, não deixa margem para dúvidas) quanto o voto em candidatos "paquidérmicos" (e nos ditos independentes que não sejam verdadeiros e sérios independentes) que, agarrados ao poder e às suas mordomias,
venderam e vendem a alma por um prato de lentilhas. Este é o tempo de um povo sereno, não
resignado, indignado e afoito, dizer da sua justiça. É o tempo de marcar e decidir a mudança de rumo no país. É o tempo de dizer basta, energicamente..., com luva de papel!
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