O regresso ao básico?!



Pois sim! Com a evidente preocupação de alertar os interessados na feitura de manuais escolares e também (menos) para dar tempo a uma discussão pública sobre o novo programa de Matemática, a aplicar a partir do próximo ano lectivo de 2013/2014, foi publicado o Despacho n.º 5165-A/2013 que revoga o actual programa de Matemática, em vigor desde 2007. Para além de, aparentemente, se querer mostrar que se trata de um processo já longo e participado, a verdade é que estamos perante uma medida política com carácter ideológico: neste caso, uma medida política que se relaciona com o ensino e a forma como se aprende matemática. Paremos para pensar. Olhando para as metas curriculares e antecipando o novo programa, percebemos a matriz dos movimentos anti-reformistas, especificamente o movimento "Back to basics". Esses movimentos projectaram-se após o colapso da "Matemática Moderna" nos anos 70 do século passado. Os movimentos como o "Back to basics", que prosperaram no seio de determinados sectores da sociedade norte-americana, defendem que o ensino da matemática se baseie na aquisição de destrezas de cálculo e memorização de regras e fórmulas, em detrimento de uma compreensão conceptual (que considera pouco importante), e, bem assim, da necessidade de estabelecer níveis mínimos de proficiência no uso desses "Skills" em exames finais: dizendo-se até que a compreensão é algo que poderá vir numa fase posterior da aprendizagem. A propósito... Sem por em causa a existência, quicá necessidade, de provas finais (exames) nacionais (desde que dentro do limite do razoável), é imperativo não deixar de apoiar e praticar um ensino da matemática baseado na compreensão conceptual: valorizando a actividade dos alunos e a resolução de problemas como ponto de partida para aprendizagens matemáticas significativas. Esta era a forma de pensar preconizada pelo agora extinto (a partir do início do ano lectivo de 2013/2014) programa de Matemática. Que esperar do novo programa? 

Nota: aqui pode ser consultado um relatório da OCDE sobre a realidade educativa portuguesa. O tema base é a avaliação; e o que se verifica, de forma clara, é que a "Liberdade de Ensinar e de Aprender "deverá ser a pedra basilar da escola portuguesa...O que ainda não acontece quase 40 anos após a revolução de 25 de Abril de 1974. É o tempo de mudar!

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