Excelente resposta...
Afirmou, aparentemente
de forma convicta, um tal e por demais conhecido Camilo Lourenço, que “a economia não precisa de professores
de história e que há desemprego porque os jovens têm um canudo que não serve
para nada". Afirmou ele displicentemente com ar de quem sabe... Azar! A resposta merecida, pela voz sábia e autorizada da Professora de História Medieval na FCSH da Universidade Nova de Lisboa, Maria João Branco, não se fez esperar:
-“Também
talvez alguém lhe devesse contar que, por exemplo, em Oxford consideram
Economia o curso menos útil e mais estupidificante de todos. Até Gestão teve
grande dificuldade em imperar, embora agora a Said Business School tenha
bastante prestígio. O presidente de um dos colégios mais prestigiados era
licenciado em Filosofia e foi o chefe do Tesouro da Thatcher durante vinte
anos. Quando lhe perguntei como tinha feito para compreender as complexidades
da Economias, olhou-me com espanto e disse-me: “- mas isso aprende-se em
qualquer estágio de 3 meses, é uma idiotice passar anos a estudar uma coisa tão
óbvia”. Os cursos mais valorizados para tudo, especialmente para o civil
service, diplomacia ou bolsa de mercados são, em primeiro lugar Clássicas e logo
a seguir História, pela capacidade de compreender problemas complexos,
equacionar dados múltiplos de forma crítica e produzir respostas e soluções
inovadoras. Seria de pedir um comentário a este senhor, sobre esta e outras
realidades de países com bastante tradição em eficiência e profissionalismo?”
Excelente resposta de quem sabe e de quem não tolera “camilolourençadas”. Brilhante!
As instituições, e Costumes de hum Povo são a materia mais interessante de huma Nação, o seu conhecimento o estudo mais necessario ao bom Cidadão; a falta deste conhecimento tem constantemente levado ao precipicio do Governos, e as Nações, que o tem desprezado. A simples lição da Historia do Espirito Humano mostra estas verdades em toda a sua luz.
ResponderEliminarDesgraçadamente para Portugal o conhecimento das cousas Patrias não só tem ha tempos sido de todo abandonado, mas, o que he mais espantoso, se tem até promovido por todos os meios a ignorancia dellas! Daqui resulta, na parte de Direito Publico, e na Historia, o ser-nos apllicavel o que Bacon dizia da Filosofia: "que na maioria dos abusos, e erros dos Homens provinha das falsas noções das ideias: que era pois necessario refazer as mesmas". Nós necessitâmos portanto remediar as nossas confusões historicas.
O estudo do passado, e dos monumentos, que nos precedêrão, he pois a occupação mais digna, e mais filosofica do homem de bem. Devemos o terreno, em que nascemos, a nossos Maiores, que morrerão depois de o haverem conquistado, e nós colhemos seus trabalhos, e seus sacrificios; seria portanto a maior ingratidão, e indignidade, se nos esquecessemos de conservar intacto, e sempre presente este patrimonio de Honra, e de Gloria, que nos legáraõ as gerações passadas...
in, "Memorias para a Historia, e Theoria das Cortes Gerais que em Portugal se celebrárão pelos três Estados do Rein, ordenadas e compostas neste anno de 1824 pelo 2º Visconde Santarém", Primeira Parte, Lisboa, 1827, pág. III