A Educação Artística no Sistema Educativo Português (1)


Foi ontem publicada a Recomendação nº 1/2013 do CNE - Conselho Nacional de Educação, sobre o desenvolvimento (ou a falta dele!) da Educação Artística no Sistema Educativo Português (é prudente e desejável não se confundir o sistema educativo com subsistema escolar). A leitura cuidada e muito aprofundada da Recomendação, irá permitir, a muito curto prazo, uma sua apreciação incisiva mas construtiva, sublinhando-se nessa apreciação, num primeiro momento, a sua pertinência e o seu atraso (a título de exemplo consulte-se este documento datado de Maio de 1969). Pertinência e atraso que também se relacionam com o facto de (e apenas para citar um acontecimento relevante que deveria ter alertado o CNE), no ano de 2006, ter decorrido em Lisboa uma Conferência Mundial sobre Educação Artística. Estão disponíveis, para apreciação e consulta, quer o Roteiro para a Educação Artística quer o Relatório de Lupwish Mbuyamba, apresentado na sessão de encerramento. Será que não teria sido o momento ideal para ter desencadeado um conjunto de medidas relacionadas com o desenvolvimento da Educação Artística em Portugal; se tal tivesse acontecido, esta Recomendação seria dispensável, claro.
Obviamente que também há um conjunto de outros documentos que definem linhas guia para a reorganização dos sistemas educativos e que, há muito tempo, deviam ter prevenido situações a que a Recomendação se refere. O maior destaque vai para  o relatório EDUCAÇÃO UM TESOURO A DESCOBRIR e para alguns trabalhos de investigação nos domínios da Neuroeducação, em que se destaca um documento seminal, NEUROEDUCATION: LEARNING, ARTS, AND THE BRAIN. Vale a pena ainda, olhar e estudar este documento quanto ao seu conteúdo e quanto à excelente e criativa forma de apresentação; é um documento que não só incorpora saberes muito actuais e de futuro quanto é apelativo e de fácil compreensão para qualquer cidadão interessado.
Injustiça, sem desculpa nesta primeira e alargada aproximação à Recomendação, seria não referir a  vital importância da Fundação Calouste Gulbenkian no apoio à Educação Artística em Portugal; e não referir especificamente o empenho e o saber de Manuel Carmelo Rosa que, em 2010 e no Centro Nacional de Cultura, apresentou uma interessante comunicação, A Educação Artística e o Sistema Educativo.
Afinal há quem tenha feito o trabalho de casa...A talhe de foice, será que não vale a pena saber o que, ao longo de muitos anos se fazia neste domínio da Educação Artística, na Casa Pia de Lisboa? Decididamente, a Educação Artística na Casa Pia de Lisboa é um tema que merece um tratamento autónomo...Por razões óbvias!
PS
Não resisto ao dever imperativo de citar um comentário inteligente, jocoso e corrosivo sobre a Recomendação: a educação artística até já é coisa do século passado e só agora por cá se diz que é uma questão consensual, uma necessidade, blá, blá, blá!!!

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