Não gosto...


Não gosto desta notícia e não gosto mesmo nada do que ela revela à saciedade: um parecer político económico do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. Um parecer muito infeliz que mostra quão fortes são os ventos  que fustigam "as caravelas de Portugal". A pergunta que justifica o parecer é simples: em que circunstâncias é ética a omissão de tratamento (com determinados fármacos) a um doente que, por causa dessa omissão, corre risco de vida ou de perda permanente ou de perda grave de qualidade de vida? A resposta genérica (plasmada nas conclusões daquele parecer) a esta pergunta concreta, não arrisca nenhum critério ético para aferir as decisões de carácter económico que violam o direito à saúde e à qualidade de vida; e (pasme-se!), essa resposta genérica devolve à Política uma decisão que cabe à Ética. Não se trata um doente durante mais alguns meses de vida porque é caro. É isso que se pretende dizer e validar? Tenham juízo e tento na escrita! Até Peter Singer, um filósofo pouco ortodoxo e que defende a necessidade de repensar o estatuto da vida humana, repudiaria tal dislate!
Por este andar, dentro de muito pouco tempo, iniciaremos a leitura de um capítulo da História Contemporânea, encimado por um título estranho:
 -  Era uma vez um país chamado Portugal.

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