O que é a nossa mente? Onde se localiza?

Localiza-se no cérebro (todos o sabemos) porque a mente é um produto do próprio cérebro. Tudo o que pensamos e sentimos, - e a isto se chama mente - é o produto das interacções entre os nossos neurónios. Parece uma explicação simples mas de facto não é. E não o é, porque falta descobrir de que maneira essas reacções químicas e eléctricas que acontecem entre as células nervosas, produzem algo tão espantoso e maravilhoso como os nossos pensamentos e os nossos sentimentos.
Os neurocientistas conseguem ver a base física (o seu substrato físico) da mente, mas a mente não se deixa ver e esconde-se misteriosamente; pode, por vezes, no entanto, desvelar-se em frases emocionadas, tipo: "ninguém é mais abençoado do que eu hoje; recebi, de manhã, o beijo mais belo e sentido do mundo". É nestas alturas, quando o Eu transforma sensações efémeras num momento de ser que um sentimento se desenvolve no interior da mente e reclama para si o direito de se expressar de forma veemente, dizendo que da existência e da presença de um outro, se faz aquilo que para sempre permanece: “a grande sensibilidade, a inteligência e a humildade, também.”
Sinto que a mente não é algo fácil de exprimir. Quando olhamos para dentro de nós mesmos, encontramos em determinados momentos existenciais uma consciência em efervescência; os pensamentos (os mais diversos) são um caudal turbulento e a cada momento surge uma nova onda de emoções. E, assim sendo, a origem frágil da nossa identidade é a verdadeira autora da nossa mente que se mantém enrolada num novelo de neurónios eléctricos. Em linguagem muito simples, podemos dizer que a nossa mente é a nossa obra de arte; é uma ficção criada pelo cérebro para poder retirar sentido da sua enorme e espantosa desunião porque cada um de nós se inventa a partir das suas próprias sensações. Sensações que aumentam a taxa de disparo dos neurónios em dias de música escolhida...Com as cores e as imagens dos quadros de África e com um “sol brilhante e quentinho”.
Quero deixar claro, antes que algo me aconteça, que roubei estas ideias a uma fada perspicaz e frágil! Fique calmo, durma tranquilo, desta vez gostei que dissesse que sou perspicaz e frágil, é isso mesmo que eu sou, estou a ouvi-la em surdina. E continuou, em jeito de confidência: o meu Eu (disperso em milhares de pedacinhos de fragmentos de mim) é demasiado profundo para ser encontrado e às vezes mais parece um zumbido de asas no cérebro; tenho a capacidade de me dividir em várias fadas e assim a minha vida é vivida com as minhas revelações inseparáveis das minhas tarefas quotidianas e da minha poesia entremeada pela prosa da existência vulgar. Sabe porquê? - Perguntou, tangendo a pergunta em forma de rumorejar poético.
Sei, disse eu: porque  essas suas formas elegantes de ser e de estar, são as suas janelas da vida; são elas que lhe permitem ver e exercer a tranquilidade e a serenidade essenciais à abertura da sua própria mente à sua missão dialogada com os outros.
Nesse preciso momento, senti, circundando-me com mãos leves e finas, a sua presença fecunda e carinhosamente materializada no sono que se aproximava, pé ante pé... 
De levezinho!

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