A vida acontece apenas uma vez

Kausik Si, um investigador do nascimento e das funcionalidades da memória, acredita que encontrou a marca sináptica da memória: uma molécula que pode bem ser a solução sobre a origem do passado. E a pergunta primeira que fez a si próprio foi (parece ser!) uma pergunta muito simples. Como é que as memórias perduram, como é que elas escapam (airosamente) aos ácidos corrosivos do tempo?
Aparentemente, trata-se de uma pergunta muito simples a que se dá uma resposta rápida; mas não é o caso. As células do cérebro fluem constantemente e “o tempo médio de meia vida de uma proteína do cérebro é de apenas 14 dias”; e dado que os neurónios do nosso hipocampo morrem e renascem, então a mente está em constante reincarnação. Concluiu, por esta razão, Kausik Si que as memórias não só devem ser feitas de um material muito e mais resistente  que o material das células quanto concluiu que uma memória neuronal deve ser específica e deve ter características próprias e únicas que merecem ser investigadas.
Tudo bem e como é que se sai daqui? -  Perguntava-me eu a mim próprio. 
A saída é óbvia, meu caro... - Respondeu uma fada sábia com os olhos muito abertos: um neurónio tem apenas um núcleo mas tem um volume abundante de ramos dendríticos que vagueiam em todas as direcções. E daí, retira-se o quê? - Questionei, apalermado.
Retira-se, respondeu a fada, que esses ramos se ligam a outros ramos nas sinapses dendríticas (imagine duas árvores que enleam os seus ramos numa floresta muito densa); é nestes cruzamentos de ramos que as memórias se formam: na copa da árvore neural e não no tronco. Começo a ficar farta de lhe explicar o óbvio, mas ainda lhe quero dizer que a expressão a vida só acontece uma vez é o ingrediente específico que marca o segredo molecular que se oculta num ramo nas nossas densidades dendríticas e que espera silenciosamente que o descubramos ao longo da vida que nos foi oferecida gratuitamente... A si e até a mim que nasci fada.
Com um ar manifestamente enfadado (mas num tom meigo/entediado), disparou à queima roupa: 
 - percebeu ou quer que lhe faça um desenho?

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