Sucesso e criatividade

Para se realizar uma obra verdadeiramente grande e, portanto, para se ter um sucesso real e duradouro, é preciso não desejá-lo, não procurá-lo, não estar obcecado por ele. Pelo contrário, não se deve pensar nele, mas sim concentrar-se na qualidade do trabalho, procurando unicamente a perfeição. Dito assim parece uma dessas máximas edificantes que servem para consolar quem nunca teve sucesso. Como aquelas que dizem que o valor acaba sempre por ser reconhecido ou que o mais importante não é vencer, mas participar.
Não se trata realmente de uma máxima moral, mas sim de um fenómeno real e observável. Um fenómeno, devemos acrescentar, paradoxal. Porque, para se ter sucesso é necessário, por um lado, desejar tê-lo, procurá-lo, estar motivado para o sucesso. Mas, por outro, ao mesmo tempo não procurá-lo, desinteressar-se dele. Um pouco como acontece com a felicidade. Não podemos encontrar a felicidade se a não a procurarmos, se não andarmos à procura das coisas que nos agradam, se não criarmos as situações em que é possível encontrá-la. Porém, se quisermos apreender a felicidade com segurança, num domingo qualquer, numas determinadas férias, quase sempre ficaremos decepcionados. Porque o nosso desejo aumenta desmesuradamente, tornamo-nos impacientes e qualquer contratempo acaba por nos atormentar. Nesta situação nunca poderemos ser felizes. Para sermos felizes devemos saber aceitar o insucesso e a pouca sorte, não esperarmos nada, e então a felicidade surgirá.

Francesco Alberoni, in “O optimismo”.

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