o Princípio da Escolha (1)

Entendo que devo tentar iniciar um processo conducente à equação de um novo princípio, o Princípio da Escolha. Por onde começar? Eis a primeira questão para definir um ponto de partida. Fácil…Comecemos pelo facto de, enquanto seres humanos, sermos principalmente seres frágeis por natureza.
Em termos simbólicos, por exemplo, escolhemos uma determinada pessoa porque temos a percepção inconsciente que existem entre nós elementos inconscientes comuns que nos vão permitir protegermo-nos dos nossos perigos interiores. Ou seja, procuramos nessa pessoa uma sustentação narcísica de segurança e de valorização individual e do nosso par. Trata-se de uma valorização muito importante a que a psicanálise (Ai a psicanálise! Que dores de cabeça me dá!) chama de “benefícios narcísicos”. O que é que o “diabo verde” (o diabo verde, identificado na página 11 do livro "A Princesa" da história das fadas de Lawrence, lembram-se?) guardará mais no seu baú de riquezas e a que deu o nome de “baú de benefícios narcísicos”?
Parece-me que esse “diabo verde” deu o nome de "benefícios narcísicos" ao seu baú de riquezas, para também dizer que quando se escolhe uma pessoa, também há procura de amor e de satisfação erótica e libidinal.
Mas eu penso (corro o risco de o afirmar) que o Princípio da Escolha também comporta dois polos (em profundidade) que lhe dão força e sentido. O polo da satisfação e da valorização pessoal e o polo defensivo em relação à outra pessoa. Se assim não fosse, não entenderíamos a enorme e espantosa riqueza de sermos seres frágeis por natureza e a fragilidade é não só prima direita da sensibilidade e da qualidade quanto é um muro que impede e abriga, que corta e permite. Mas penso mais. 
Penso que só ante os seres frágeis e sensíveis, as manhãs se posternam e se embebedam com uma pinga de chuva e por uma razão simples: os seres humanos frágeis alimentam-se de lonjuras próximas e guardam as sementes dos planetas. Sei de um ser que em dias de riso aberto e sempre que utiliza guardanapos de papel para marcar a sua passagem pelos livros que lê, abre o caminho ao sol e caminha na superfície lisa dos frutos; e eu consigo sentir a sua presença no coaxar das rãs.
Agora não quero dizer quem é, não é o tempo!

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