A ideia de ‘casa da escola’ no século XIX português

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Conforme se vê, durante os anos 1880 o tema da arquitectura escolar é debatido nas conferências pedagógicas (com maior ou menor incidência nas várias circunscrições escolares do país). Por exemplo, em Lisboa, nas assembleias realizadas em 1883, ganha especial destaque, protagonizando Artur Lucas da Silva, professor da Casa Pia, intervenção de fundo sobre as condições higiénicas da escola. No relatório então apresentado, o relator associa os problemas físicos das crianças à precária condição material da generalidade das escolas do país, sobretudo nas zonas rurais. A questão, não sendo nova (lembro as ideias veiculadas por Mariano Ghira), assume no entanto outros contornos, ou seja, é entendida - de forma mais aguda até finais do século - como uma das causas do enfraquecimento das gerações. Contrapondo com os benefícios da educação física, o professor da Casa Pia encontra nos textos de Frederich Froebel a imagem pretendida:
- “A criança [...] é uma planta humana que tem necessidade, primeiro que tudo, de ar e de sol para crescer, desenvolver-se e expandir-se. Não a tenhais, pois, enclausurada em salas cuja capacidade é, muitas vezes, insuficiente, ou em pátios cercados por todas as partes de grandes muros e habitações que impedem a renovação da massa atmosférica. As edificações, nas quais se quer reunir um certo número de crianças, devem ser rasgadas por numerosas janelas, afim de que se possa renovar o ar com a frequência necessária; que sejam completamente desembaraçadas para que a luz seja recebida sem obstáculo, e que a atmosfera ambiente receba o influxo benéfico do calor do sol, cercadas de pátios cobertos em parte, nos quais as crianças possam brincar em todo o tempo, e de pequenos jardins, onde elas vão trabalhar ou divertir-se, sempre que a estação o permita.” 

Ler o artigo (completo) de Carlos Manique da Silva AQUI

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