A COLÓNIA DE S. BERNARDINO: RETRATO DE UMA INSTITUIÇÃO TOTAL

O 5 de Outubro de 1912 foi um dia memorável para a Casa Pia de Lisboa: assinalou a inauguração de mais uma dependência da instituição, desta vez, bem longe da agitação da capital. O sítio não podia ser mais pacato. Instalada no antigo convento de S. Bernardino, em Atouguia da Baleia, freguesia do concelho de Peniche, a abertura da Colónia foi celebrada com aparato suficiente para prender a atenção da população e das mais elevadas autoridades do município que, na companhia do director da instituição, Aurélio da Costa Ferreira, e do professor-regente da Colónia, César da Silva, conheceram o edifício conventual e deram as boasvindas aos 35 colonos que estrearam mais uma dependência da benemérita instituição. (…)


Continuar a ler AQUI o artigo de Cláudia Pinto Ribeiro. 

Eis-nos perante um documento que merece uma leitura muito atenta por quatro razões, essencialmente:
 - a primeira, porque nos permite, cem anos depois, ter uma ideia quer da importância e do pragmatismo inovador da Casa Pia de Lisboa (sob a direcção de Aurélio da Costa Ferreira no início da primeira República Portuguesa), quer da importância da Casa Pia de Lisboa para a História da  Acção Social, da Educação e do Ensino em Portugal;
 - a segunda, porque a sua leitura remete para a honestidade intelectual da investigadora/autora que, de forma muito clara (o que não aconteceu nos anos quentes de 2002/2003), soube interpretar o pensamento de Goffman (ver nota 4 do artigo); de facto, o objectivo das investigações de Gofman era conhecer e perceber o mundo vivenciado e percepcionado pelos internados em instituições totais e o seu interesse fundamental era chegar a uma versão sociológica da estrutura do eu;
- a terceira, porque se trata de um documento importante para incentivar a realização de estudos que reponham a verdade sobre a  intervenção social, educativa e de formação da Casa Pia de Lisboa desde o ano de 1942; se essa verdade não for reposta, a Casa Pia de Lisboa arrisca-se a ficar na História da Acção Social, da Educação e do Ensino, da primeira década do século XXI, apenas como uma Instituição de desorientação e de decadência. Se, por um malfadado acaso, assim viesse a acontecer, tratar-se-ia de um severo juízo porque, mesmo que muitos o queiram esconder ou iludir, a actividade da Casa Pia de Lisboa desde 1981 (sobretudo desde 1985) e até Novembro do ano de 2002, foi um marco de inovação social, educativa, de ensino e de formação em Portugal, tendo aumentado de forma significativa e qualitativa o seu património material e imaterial;
- a quarta, porque é imperativo que, serenamente, se olhe para a actividade da Casa Pia de Lisboa dos últimos dez anos (2002/2012) para se conhecer o que aconteceu e para se ter uma leitura dos contornos de actualidade da sua missão e do seu projecto de futuro; ou será que algum delírio dos últimos anos, poderá ser tão decisivo que deixará marcas para algumas décadas?
Uma aparente certeza, porém, é que a longa história da Casa Pia de Lisboa nos assegura que esta centenária Instituição costuma recuperar bem das crises.
Será que continuará a ser assim?

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