Aurélio da Costa Ferreira e o movimento pedagógico português na 1ª República

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“Para a Casa Pia de Lisboa, todo este projecto consistia uma oportunidade que convinha não desperdiçar, principalmente se tivermos em consideração dois aspectos relevantes: o facto de ocupar os alunos da instituição, com o fabrico de próteses para os mutilados garantindo, por sua vez, a montagem de laboratórios e oficinas; e permitindo, ainda, que um dos professores da Casa se deslocasse ao estrangeiro para se inteirar do que se praticava lá fora, importando para a instituição os mais modernos conhecimentos relacionados com a produção de aparelhos de prótese e noções relevantes e actuais sobre o funcionamento das escolas de reeducação funcional e profissional em actividade. A principal preocupação norteadora do projecto de Costa Ferreira seria a constituição de bases de conhecimento que servissem de apoio aos serviços médicos e pedagógicos que pretendia criar. Se apartarmos este programa de uma série de proveitos científicos perseguidos por Costa Ferreira, estamos a desenraizar o evento da época em que está inserido e a considerá-lo, erradamente, um mero acto de filantropia. A preocupação de aproveitar, adaptar, reeducar e socializar os mutilados da guerra tem, além das questões económicas subjacentes, e que já apontámos, um objectivo bastante definido e que se prende com um dos aspectos mais característicos do movimento pedagógico português durante a 1ª República: o vigoroso impulso destinado a conceber uma pedagogia científica, ou seja, uma pedagogia experimentada, em que a Escola – e neste caso o Instituto de Reeducação – seria um verdadeiro laboratório de pedagogia, no qual eram experimentadas ideias e colhidas estatísticas.”

Ler artigo completo de Cláudia Pinto RibeiroOs heróis que a Guerra invalidou...Reeducar o soldado no Instituto de Mutilados de Santa Isabel (1917-1921)

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