Para que serve a democracia?
Os cidadãos das sociedades democráticas não podem aceitar, nos dias de hoje, que o interesse público seja decidido de cima para baixo, via sistemas administrativos impermeáveis à negociação, ao partenariado ou à cooperação. A mudança de paradigmas na sociedade tem que ter incidência nas organizações, exigindo que estas se tornem menos hierarquizadas.
Por um lado, o sentimento de responsabilidade e a vontade de debate presentes no espaço público, vão ganhando imparavelmente a forma dum necessário reconhecimento do papel dos diferentes actores, das suas competências, das suas decisões. Por outro, as ciências humanas e sociais cada vez mais explicitam um juízo mais claro sobre o processo de decisão individual, sobre os constrangimentos da gestão das organizações, sob a urgência de uma nova forma de governar a res publica, sobre as justificações ideológicas e sobre os impasses teóricos que obstaculizam a explosão do conceito de democracia representativa mas participativa.
Por um lado, o sentimento de responsabilidade e a vontade de debate presentes no espaço público, vão ganhando imparavelmente a forma dum necessário reconhecimento do papel dos diferentes actores, das suas competências, das suas decisões. Por outro, as ciências humanas e sociais cada vez mais explicitam um juízo mais claro sobre o processo de decisão individual, sobre os constrangimentos da gestão das organizações, sob a urgência de uma nova forma de governar a res publica, sobre as justificações ideológicas e sobre os impasses teóricos que obstaculizam a explosão do conceito de democracia representativa mas participativa.
Vivemos hoje em Portugal com três temas quentes e que fazem parte do nosso quotidiano comum. O primeiro, aquele que se refere a um movimento de austeridade e empobrecimento continuados e que afecta de forma dramática muitas pessoas; movimento que, com especial relevo, retira futuro às gerações mais novas (onde estão as janelas de oportunidade?) e penaliza o presente e o futuro das pessoas mais velhas; também será muito interessante perceber os contornos de um novo fenómeno de emigração que está acontecendo em Portugal. O segundo, diz respeito à reforma administrativa do poder local em curso, que se iniciou de cima para baixo e (nada para admirar!) começou pelo elo mais fraco que são as freguesias; muitas destas freguesias, sobretudo no interior rural, têm um papel vital e de proximidade para a qualidade de vida das populações. O terceiro, este ano de 2012 é o Ano Europeu do Envelhecimento Activo e de Solidariedade entre Gerações: os censos de 2011 mostraram que existem em Portugal 2,023 milhões de pessoas com 65 ou mais anos (cerca de 19 por cento da população total), curiosamente um número que também aumentou 19 por cento em dez anos.
Não será que chegou o momento de pensar as decisões e as motivações dos diversos actores que detêm parcelas de poder? Será que não chegou o momento de gerir e reformar os sistemas institucionais (um exemplo paradigmático é o sistema de justiça) numa sociedade portuguesa diferente, complexa e multicultural?
Por este conjunto de razões, não custa perceber que a transformação do tipo de democracia em que vivemos é um tema incontornável. O que aconteceria em Portugal e o que aconteceria aos actuais partidos, por exemplo, se os 2,023 milhões de pessoas com 65 ou mais anos, num exercício cívico de sabedoria e com a adesão da geração mais nova e mais qualificada que o nosso país teve nos seus 800 anos de história, votassem massivamente num verdadeiro PARTIDO DEMOCRATA?
Com atenção, ouçamos este discurso de Tommy Douglas, em 1944, no Canadá. Depois será o tempo de conversar sobre os temas quentes que afectam o nosso quotidiano; será o tempo de analisar e agilizar as propostas exequíveis e sérias que os podem minorar ou ultrapassar...Democraticamente!
AQUI
Muito importante para a minha dissertação. A democracia participativa está em crise?
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