NOTICIA de TORTO
Notícia de torto é o mais antigo texto não literário, escrito em língua portuguesa. Neste documento D. Lourenço Fernandes da Cunha fez um relatório das malfeitorias feitas por D. Sancho I e por Vasco Mendes, por ordem do mesmo rei.
Está escrito num pergaminho (dois lados), veio do Mosteiro feminino de Vairão e encontra-se no Arquivo Nacional da Torre do Tombo em Lisboa.Projeto BIT-PROHPOR
Base de dados
1. Modalidade: Língua escrita
2. Tipo de texto: Texto notarial. Código: BIT1PANDTO
3. Assunto: Apontamento sobre malfeitorias de que foi vítima Lourenço Fernandes
4. Autor: desconhecido
5. Qualificação do autor: desconhecido
6. Data do documento: Entre 1214 e 1216 (podendo recuar a 1211)
7. Local de origem do documento / Dados de imprenta: Norte de Portugal (Região do Minho)
8. Local de depósito do documento: Arquivo Público: Instituto dos Arquivos Nacionais Torre do Tombo (IAN/TT), Corporações Religiosas – Mosteiro de Vairão, Maço 2, n. 40
9. Editor do documento: CINTRA, Luís Felipe Lindley. Sobre o mais antigo texto não-literário português: A Notícia de Torto (Leitura crítica, data, local da redação e comentário lingüístico) Boletim de Filologia, XXXI (1986-1987):21-77. Lisboa, 1990. Edição digital do Projeto BIT-PROHPOR (Banco Informatizado de Textos do Programa para a História da Língua Portuguesa), coordenado pela Profa. Dra. Rosa Virgínia Mattos e Silva, Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia
10. Data de inserção no BIT: setembro de 2005
11. Número de palavras: 858
NOTICIA DE TORTO
Texto crítico
1 De noticia de torto que feceru) a Laure)cius Fernãdiz por plazo qve fece Gõcauo
2 Ramiriz antre suos filios e Loure)zo Ferrnãdiz quale podedes saber: e oue auer, de erdade
3 e dauer, tãto quome uno de suos filios, daquãto podese) auer de bona de seuo pater; e fiolios seu
5 taes firmamentos quales podedes saber2 Ramiro Gõcaluiz e Gõcaluo Gõca [luiz e]
6 Eluira Gõcaluiz foru) fiadores de sua irmana que o[to]rgase aqu[e]le plazo come illos
7 Super isto plazo ar fe[ce]ru) suo plecto. E a maior aiuda que illos hic cõnoceru), que les
15 nunqua i)de der[u)] quinnõs. E de VII e medio casaes antre Coina e Bastuzio unde li
16 nunqua deru) quiniõ. E de tres i) Tefuosa unde li nu[n]qua ar der[u)] nada. E IIos i) Figeeree
18 ra de Coina u)de no) ar deru) quinõ. E d'uno casal de Coina que leuaru) i)de III anos
19 o frcuctu cu) torto. E por istes tortos que li feceru) tem qua a seu plazo quebrãtado
20 e qua li o deue) por sanar. E de pois oueru) seu mal e meteu o abade paz a[n]tre illes
21 i)no carualio de Laurecdo. E rogouo o abate tãto que beiso cu) illes. E deru)li
23 ome de sa casa. e troseru)no XVIIII dias per mõtes e feceru)les tã máá prisõ
24 per que leuaru) deles quanto poderu) auer. E de pois li desu)ro Gõcauo Gõcauiz
25 sa fili[a] pechena. E irmar[u)]li XIII. casales unde perdeu fructu. E isto
26 fui de pois que furu) fíídos anto abade. E de pois que furu i)fiados por iuizo de ilo
28 quales aqui ouirecdes: Super sua aguda fez testiuigo cu) Gõcavo Cebolano
29 E super sa aiuda ar fuili a casa e filoli qua[n]to que li agou e deu a illes. E super sa
31 E super sa aiud[a] oue mal cu) Goncaluo Gomez que li custou multo da auer
32 e muita perda. E in sa aiuda oue mal cu) Go[n]caluo Suariz. E in sa aiuda
33 oue mal cu) Ramiro Fernãdiz queli custov muito auer muita perda.
34 E in sa aiuda fui IIas fezes a Coi[m]bra. E in sa aiuda dixe mul[ta]s[15] uices
35 E ora in ista tregua furu) a Ueraci) amazaru)li os oméés erma[ru)]li X casaes
36 seu torto al rec. E super saiud[a] mãdoc lidar seus oméés cu) Mar
38 e cu) seu pam e cu) seu uino ue)cestes uosa erdade. E cu) ille
40 rezõ. E otras aiudas multas que fez. E plus li a custado
41 uosa aiuda quali inde cae derdade. E subre becio e super
43 ar ouideas: Veneru) a uila e fila[ru)]li o porco ante seus filios e com
44 eru)silo. Veneru) alia uice er filaru) otro ante illes
46 sa filia er comerunsa. In alia uice ar filiaru)li o pane ante
47 suos filios. In alia uice ar ue[ne]ru) hic er filaru) i)de o uino
48 ante illos.
te e gacaru)no e getaru) in terra polo cecar e le[ua]ru)[23] delle qua[n]to oue [1] seem: o segundo e foi acrescentado na entrelinha.
[2] acanocese: no ms. acanocerse, com r raspado mas ainda visível.
[3] ue)cese): seguido de várias letras riscadas; parece-me reconhecer o e u elevados acima da linha e q.
[4] irdade: seguido de d e de uma mancha que parece esconder uma letra.
[5] le li: le parece cortado com um traço muito leve.
[6] Deu: seguido de a laure) (cortado por um traço horizontal) e de um espaço, preenchido por outro traço.
[7] XII: seguido de a.
[8] casales: seguido de duas palavras cortadas por um traço horizontal.
[11] prenderonli: no ms., pred’r’on, o n está cortado por um traço horizontal e li está escrito na entrelinha depois de r e quase sobre on.
[12] neu: neun com o n final cortado por um traço muito leve.
[13] fezeles: seguido de algumas letras riscadas e ilegíveis.
[14] maes: seguido de uma letra riscada.
[15] mul: seguido de um s alto riscado.
[16] Martin: mar sobre a l. 36, seguido de in, riscado e substituído por tin, escritos na linha seguinte.
[17] casa: acrescentado na entrelinha depois da palavra sua.
[18] Qve: com o v acima da linha.
[20] qve: com o v na entrelinha.
[22] mamou: seguido, antes do fim da linha, por algumas letras ilegíveis.
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