A injustiça na retórica

O discurso político a que vimos sendo submetidos, é uma manifestação de retórica enquanto esta aborda os outros não de frente mas de viés; através dos seus artifícios dirige-se a nós, solicita o nosso sim. Mas a natureza específica da retórica (da propaganda, da lisonja, do “olhem que também eu tenho dificuldades”, da corrupção será combatida) consiste em corromper a liberdade de pensar e de agir de todos nós. Por isso ela é violência, ou seja injustiça.
Renunciar a este tipo de retórica é olhar os outros de frente, num discurso verdadeiro onde o conteúdo não seja inseparável de quem o pensou, o que significa que o autor do conteúdo responde às perguntas de forma clara e olhos nos olhos. A verdade liga-se assim à relação social, que é justiça. A justiça consiste em reconhecer que o poder está nos cidadãos e que o discurso político é uma das formas de prestar contas.
Era urgente que alguns políticos soubessem que só um ser nu pelo seu rosto (e de cara lavada!) pode desnudar-se impudicamente, sendo transparente, dizendo a verdade e assumindo as suas responsabilidades.
Quando assim for, o discurso político a que vimos sendo submetidos, deixará de transportar uma opacidade intencional e não teremos dificuldade em perceber – vendo nesta realidade, dura como punhos, alguns valores positivos – que vivemos um tempo de "pornográfica" nudez institucional: não há dinheiro, não há responsáveis e a democracia é uma figura de retórica.
Basta, já chega de austeridade e sacrifícios só para alguns. Já chega de penalizar as gerações futuras. É tempo de deixar a retórica de lado e mudar de vida e mudar estes políticos.
Ponto! 

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